Parque no Norte do RS preserva área de transição entre ecossistemas

G1 - http://g1.globo.com/ - 02/01/2014
Mais de 20 anos depois de criado, o Parque Estadual do Papagaio-Charão vai finalmente ganhar um plano de manejo. A unidade de conservação localizada no município de Sarandi preserva uma importante área de transição entre a vegetação da floresta de araucárias (ombrófila mista) e dos campos (savanas) na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul.

De acordo com o gestor da unidade, o biólogo Igor Kraemer, o plano de manejo é fundamental para proteger o que sobrou das araucárias na região. Também conhecida como pinheiro-brasileiro, a árvore considerada símbolo do estado chegou a ocupar 25% do território gaúcho, mas atualmente não resta mais do que 1% da mata original.

"O plano de manejo vai orientar todas as nossas atividades dentro do parque. Ele determina todas as normas que devem ser seguidas para o uso da área e a conservação dos recursos naturais. É como se fosse um Plano Diretor de uma cidade", compara Kraemer. "Esperamos ter esse documento pronto e publicado até o final de 2014", acrescenta.

Entre os exemplares da flora nativa preservada nos mil hectares do parque também consta uma espécie de butiá que não ocorre em outras regiões do estado, de nome científico "Butia paraguayensis". Essa variedade da palmeira é menor do que as outras do mesmo gênero - atinge no máximo quatro metros - e é encontrada apenas em áreas de campos abertos.

Parque leva nome de ave ameaçada

O próprio nome do parque foi trocado recentemente para homenagear uma ave originária do Rio Grande do Sul que se encontra ameaçada, o papagaio-charão. Até 2010, a unidade se chamava Parque Estadual de Rondinha, o município vizinho, o que sempre soou como uma provocação aos moradores de Sarandi. Considerado o menor papagaio brasileiro, a ave tem como principal alimento o pinhão, a semente das araucárias. No entanto, raramente exemplares são vistos no limite da reserva, diz Kraemer.

"Os papagaios-charão transitam pelo parque, mas até hoje não conseguimos encontrar um. É mais comum ver os papagaios-de-peito-roxo", conta o biólogo, que assumiu a comando da unidade em 2012, se referindo à outra espécie de papagaio também ameaçada.

Segundo Kraemer, recentemente pesquisadores encontraram na unidade uma espécie de sapo que ainda não havia sido registrada no Rio Grande do Sul. O parque também abriga animais como iraras, jaguatiricas, gatos-do-mato, macacos-prego, veados-mateiros, graxains, serelepes e corujas mochos-diabo, além de outras centenas de espécies de aves, anfíbios e répteis.

O Parque do Papagaio-Charão não é aberto ao público justamente para preservar habitat e as espécies que vivem no local. O espaço é usado para atividades de pesquisa e de educação ambiental, mas aceita visitas guiadas mediante agendamento prévio. Os interessados podem enviar e-mail para igor-kraemer@sema.rs.gov.br com número do RG e aguardar o encaminhamento do pedido e a autorização para a visitação.



http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/nossa-terra/2013/noticia/2014/01/parque-no-norte-do-rs-preserva-area-de-transicao-entre-ecossistemas.html
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