Funceme ajuda a controlar queimadas no CE
O programa tem a função de reduzir as queimadas por meio da educação ambiental. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) vai disponibilizar tecnologias de satélite, Plataformas Automáticas de Coleta de Dados, as PCDs, e rede de pluviômetros, entre outros modelos, para subsidiar as ações do Programa Estadual de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna), do governo do Estado do Ceará, 6 colocado no ranking dos estados brasileiros com maior número de queimadas no ano passado, segundo informações da coordenação do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios florestais do Ibama do Ceará.
Coordenado pela secretaria da Ouvidoria-Geral e do Meio Ambiente (Soma), o programa será tocado por um comitê que envolve 28 membros, sendo 14 representantes de órgãos e entidades governamentais e igual número da sociedade civil. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), ficam responsáveis pelas ações de campo junto aos proprietários de terras.
"O Previna tem a função de reduzir as queimadas por meio da educação ambiental", resume o titular da Soma, José Vasques Landim. Mesmo com atuação das brigadas de combate a incêndios florestais foram registradas 26 ocorrências em três unidades de conservação do instituto - Floresta Nacional do Araripe, no Cariri, Parque nacional de Ubajara, na Serra da Ibiapaba, e Estação Ecológica de Aiuaba, nos Inhamuns -, com 479,24 hectares queimados em 2004, diante dos 473,76 hectares atingidos no ano anterior.
O analista ambiental do Ibama, José Antonio Vasconcelos de Sá, informa que, ano passado, o Estado do Mato Grosso liderou o ranking com maior numero de áreas queimadas, seguido do Pará, Maranhão, Tocantins, Roraima, Ceará, Piauí, Bahia, Minas e Goiás.
O meteorologista Raul Fritz Teixeira, da Funceme, diz que primeiro a fundação vai utilizar a infra-estrutura disponível - a sala de monitoramento hidroambiental e equipamentos. "Essa é uma área que a Funceme não costuma atuar ativamente", assinala ao observar que a sala específica para o Previna ainda será estruturada.
O trabalho da fase inicial conta com as imagens de cinco satélites meteorológicos da série NOAA - em condições de visualizar focos de incêndio, a partir de 30 metros de extensão. A investida envolve equipamentos com tecnologia em condições de controlar uma rede de coleta de dados em tempo real. O satélite identifica foco de calor, fáceis de ser encontrados nos municípios do Estado, sinalizando para possíveis queimadas, o que facilita a tomada de decisão.
O projeto contempla espaço próprio ou a Sala de Situação de Controle e Monitoramento, equipada com tecnologia destinada às operações, e prevê equipamentos como computadores, tela de plasma, recursos de multimídia, entre outros, representando investimentos estimados em R$ 500 mil - conforme previsão inicial.
A capacitação e aquisição de equipamentos para as aulas práticas aos envolvidos no projeto - agricultores, técnicos, e outros trabalhadores -, conduzidos pela Semace em parceria com a Embrapa e Ematerce, devem consumir mais R$ 300 mil, informa Teresa Farias, coordenadora de Gestão Estratégica e Meio Ambiente da Soma. "O programa faz parte do Plano Plurianual do governo Estado para 2005, 2006 e 2007", observa.
A estratégia inicial inclui informações dos pluviômetros, medidores de precipitação e das Plataformas Automáticas de Coleta de Dados, as PCDs - torres de 10 metros de altura dotada de sensores meteorológicos e equipamentos que permitem a coleta e a transmissão automática de dados.
As 70 PCDs, das 42 em funcionamento, instaladas no Ceará vão monitorar informações como precipitação, temperatura e umidade do ar e do solo, velocidade e direção do vento, além de alimentar o banco de dados, a gerar informações fundamentais para a agricultura, a meteorologia e a gestão dos recursos hídricos e ambientais.
Fritz acrescenta que a Funceme dispõe ainda de outros instrumentos para auxiliar o trabalho, como o índice de vegetação estimado em todo o Estado, a partir de dados e satélite, modelo de umidade do solo, que ajuda a identificar focos de calor, a partir de software desenvolvido pela fundação. Além disso conta com o modelo numérico de tempo, para medir a temperatura na superfície e a estimativa do vento, o índice de aridez, que mede a evaporação da chuva, entre outros.
Os dados recebidos na Sala de Monitoramento, analisados por técnicos da fundação, servirão de alerta para o Ibama e a Semace e também deverão ser disponibilizados, em breve, no www.funceme.br, para consulta dos interessados.
Período crítico
O número de queimadas, especialmente no Centro-Sul do Estado, costuma aumentar de outubro a janeiro, quando os agricultores iniciam o preparo do terreno para a época do plantio. O segundo semestre também é muito seco, chove pouco, e o solo com pouca água facilita o surgimento de incêndios florestais.
O engenheiro agrônomo Roberto Bezerra, do Departamento de Recursos Ambientais da Funceme (Deram), acrescenta que descontrole das queimadas provoca prejuízos ao meio ambiente - deixa a terra nua, desprotegida e pobre, porque destrói seus microorganismos e sua fonte de matéria orgânica.
Além disso, há impacto no clima. "As queimadas liberam gases tóxicos que influenciam no efeito estufa", observa. Conforme o engenheiro, a poluição também modifica propriedades das nuvens, podendo inclusive influenciar na ocorrência de chuvas.
kicker: NO ano passado foram 26 ocorrências em três unidades de conservação do instituto com 479,24 hectares queimados
kicker2: Em 2004, Mato Grosso liderou o ranking seguido do Pará, Maranhão, Tocantins, Roraima, Ceará, Piauí, Bahia, Minas e Goiás
GM, 05/10/2005, p. B13
UC:Geral
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