O Mutirão Bolsa Verde, lançado no dia 17, já cadastrou 700 famílias no município de São Sebastião da Boa Vista, no Pará. Outras três grandes áreas estão recebendo a visita de representantes do governo federal e prefeituras, para localizar possíveis beneficiários do programa no estado: Breves, Portel e Curralinho.
O benefício remunera com R$ 300, pago a cada três meses, famílias de ribeirinhos, assentados e extrativistas que vivem em áreas de preservação ambiental e promovem o uso sustentável dos recursos naturais.
Durante os cinco primeiros dias na região de São Sebastião da Boa Vista, das 700 famílias cadastradas, 105 eram moradoras da Reserva Extrativista (Resex) Terra Grande Pracuúba e as outras 595 habitam assentamentos ambientalmente diferenciados da região às margens do Rio Pracuúba Grande. A resex é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Termo de adesão
Leidiane Souza, extrativista e moradora da Terra Grande Pracuúba, foi uma das primeiras a preencher o termo de adesão ao Programa Bolsa Verde. Ela vive do extrativismo do açaí e da produção de cestas para armazenamento da fruta. "O inverno é a melhor época para colheita do açaí, sendo que nos outros meses ficamos praticamente sem renda para sobreviver", afirma.
As folhas de plantas ricas em fibra são colhidas no mato para a confecção das cestas, que são vendidas por um preço médio de R$ 2. Ela também conta que cada cesta cheia com os frutos do açaí é comercializada em média por R$ 25. "Se tirar tudo corretamente da terra, sem degradação, conseguimos explorar por muitos e muitos anos o açaí", assegura.
Ana Silva, outra extrativista da região, que também vive do açaí, consegue o sustento de toda a família com a confecção das cestas e produção do açaí, além da pequena roça onde planta alimentos para subsistência. "Fazemos uma média de 15 cestas por dia, já teve época de alta temporada que produzimos 200 cestas em apenas 10 dias", garante.
Ela também conta que o trabalho de recolher as folhas no mato, para fazer a cesta, é algo perigoso e que requer cuidado. "Não podemos sair ao entardecer ou muito cedo pois corremos o risco de encontrar cobras e outros animais perigosos", explica. Para Ana, o trabalho e cuidado com o meio ambiente é reforçado por meio do benefício: "Sabemos que esse dinheiro a mais é para continuar cuidando da nossa terra".
Expectativa
Analista ambiental do Departamento de Extrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ana Paula Nakamura acompanhou a visita e a expectativa das comunidades aguardando a chegada do Mutirão. "Ao chegar nos pontos de apoio, a nossa equipe monta um posto de atendimento, normalmente em galpões, e recebemos moradores de todas as proximidades, ansiosos para fazer o cadastro no programa", afirma.
Segundo ela, o Bolsa Verde contribui para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, com resultados a curto prazo e imediatos. "A ação também é um reconhecimento dos serviços ambientais prestados pelas famílias que usam a floresta de forma sustentável", acrescenta. Além disso, representa um estímulo para os beneficiários manterem a floresta em pé, porque se forem identificados desmatamentos nas propriedades, a família perde a bolsa. Para ela, o incentivo deve vir acompanhado de outras ações que visem à inclusão e organização social e produtiva das famílias, de forma que elas possam ter renda digna com a floresta conservada.
A representante do MMA aborda a necessidade de melhorias na infraestrutura local. "A maioria das famílias no Marajó não têm energia elétrica, o que é um gargalo para a comercialização do açaí em polpa ao invés de in natura", explica. "Porém, essas e outras demandas estão sendo discutidas no Plano Nacional de Fortalecimento do Extrativismo e Plano Nacional de Promoção da Sociobiodiversidade, que representam estratégias de transição e complementação dos benefícios já alcançados com a Bolsa Verde."
O mutirão
O 1o Mutirão Bolsa Verde no Estado do Pará é uma iniciativa do governo federal liderada pelos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU). O objetivo é ampliar a cobertura do Programa Bolsa Verde na Amazônia. A expectativa é incluir mais de 30 mil famílias por meio do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), mecanismo que busca beneficiários de programas sociais diretamente em suas comunidades.
O mutirão prevê a saída simultânea de vários barcos que partirão em busca das comunidades, em diferentes etapas, para atender os municípios da região de Santarém, Marajó, Salgado Paraense, Porto de Moz, Gurupá, Afuá, Baixo Tocantins e Soure. Com início no último dia 17 de julho, terá a seguinte duração: Santarém fase A (30 dias), Santarém fase B (34 dias), Marajó fase Portel (20 dias), Marajó fase São Sebastião da Boa Vista (20 dias), Marajó fase Breves (20 dias) e Marajó fase Curralinho (20 dias).
http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4169-bolsa-verde-cadastra-mais-700-familias-no-para.html
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