É tempo de colheita de mexilhões

O Globo, Rio, p. 16 - 12/04/2006
É tempo de colheita de mexilhões
Produção de fazenda marinha abastece festival gastronômico

Paulo Roberto Araújo e Walmor Freitas

Retirar mariscos do mar e jogar as cascas na areia das praias virou crime ambiental na Região dos Lagos. Hoje e amanhã, será feita a primeira colheita da Fazenda Marinha do Peró, em Cabo Frio, que vai produzir, de quatro em quatro meses, cerca de quatro toneladas de mexilhões na Área de Preservação Ambiental (APA) do Pau-Brasil. Com a fazenda, as pessoas que vivem da venda de mariscos poderão continuar exercendo a atividade com mais produtividade e sem agredir o meio ambiente. Para comemorar a produção recorde, os maricultores vão promover o 1 Festival de Mariscos do Peró no feriadão da Semana Santa.
Durante o festival, será anunciada a criação, ainda neste primeiro semestre do ano, da Escola Superior de Pesca, que vai formar mão-de-obra especializada para produção de ostras, vieiras e mexilhões nas fazendas marinhas do Peró, de Arraial do Cabo e outras que serão criadas na Região dos Lagos. O objetivo é aumentar a produção de mariscos e peixes para festivais gastronômicos, hotéis e restaurantes.
-- O curso vai melhorar as condições de vida daqueles que ainda trabalham baseados apenas na experiência -- disse o o secretário de Ciência e Tecnologia de Cabo Frio, José Roberto Mendes da Rocha.
A pesca artesanal é também uma das principais atividades econômicas da Região dos Lagos. A prefeitura de Cabo Frio e a Universidade Estácio de Sã formalizaram um convênio para a instalação do Pólo de Desenvolvimento Tecnológico Pesqueiro e de Educação para Atividade Pesqueira. O projeto prevê o Curso Superior de Tecnologia Pesqueira, que vai começar em maio, com duração de dois anos e meio. Para o biólogo marinho Giancarlo Molinari, a região é especial para a instalação de fazendas marinhas:
-- Numa pequena área de Arraial do Cabo temos, a dez metros de profundidade, 50 mil ostras, dez toneladas de mexilhões e 18 mil conchas em criação -- disse.
De acordo com o oceanólogo Luiz Fernando Vieira, a região costeira caracteriza-se por apresentar o fenômeno da ressurgência, que permite o afloramento, bem junto à costa, de uma corrente de água fria proveniente do Sul, rica em nutrientes inorgânicos (nitratos, fosfatos e silicatos). Os nutrientes atraem o fitoplâncton (algas microscópicas) que alimenta peixes e crustáceos, colocando a região entre as mais piscosas do mundo. Moradores da comunidade do Peró, organizados em cooperativa, vão preparar os pratos do Festival do Marisco, na sexta-feira e no sábado. Durante o evento, incluído no calendário turístico da cidade, serão oferecidos feijoada de marisco, casquinhas, marisco ao vinagrete, risoto e talharim de marisco, entre outros.

O Globo, 12/04/2006, Rio, p. 16
UC:APA

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