Assassinado sindicalista que lutou pela criação de Unidades de Conservação no Pará

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 17/04/2009
O sindicalista Raimundo Nonato do Carmo, ex-presidente e atual secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Tucuruí, Pará, foi executado a tiros quando saía de um supermercado da cidade, na noite de quinta-feira (16), por volta das 20h15. Dois homens, em uma moto, abordaram-no e dispararam sete tiros, dos quais pelo menos três o atingiram na cabeça. O sindicalista morreu no local do crime, a cerca de 50 metros de sua residência. O enterro deverá ocorrer amanhã.

Ameaçado de morte por causa da atuação incisiva na defesa dos trabalhadores rurais e da preservação do meio ambiente, Raimundo era um dos nomes de uma lista de 260 pessoas marcadas para morrer no Brasil. A lista, denunciada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT-Nacional), registra o nome de 75 pessoas ameaçadas só no Pará.

De acordo com a assessoria de imprensa da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), há suspeitas de que ele seja mais uma vítima de madeireiros envolvidos com a extração ilegal e tráfico de madeira no Pará. Ele havia denunciado as ameaças que vinha sofrendo, contudo, apesar do conselho do seu único irmão, o trabalhador rural Benedito Carmo Silva, para se afastar da militância, Raimundo não desistiu.

Assassinado aos 53 anos, dos quais 28 dedicados à luta pelos direitos dos trabalhadores rurais, dos colonos, dos ribeirinhos e, sobretudo, pela preservação da floresta amazônica, Raimundo foi um dos que lutaram pelos direitos dos ribeirinhos atingidos pela Barragem do Tucuruí, uma causa vitoriosa. O presidente do STR-Tucuruí, Antônio Wilson, disse que as denúncias que ele fazia incomodavam alguns fazendeiros e latifundiários da região. "Ele não suportava injustiça e tinha o hábito de denunciar agressões ao meio ambiente, trabalho escravo e outras coisas. Quem trabalha a favor dos trabalhadores rurais é perseguido e ele foi uma dessas pessoas", disse.

Atualmente, além de secretário geral do STR-Tucuruí, ele atuava como presidente da Associação Comunitária Nova União, do Assentamento Bom Jesus III, no município de Tucuruí, na implantação de projetos de manejo florestal nos demais assentamentos da região e era integrante dos conselhos consultivos de uma Área de Proteção Ambiental (APA) no entorno do lago da barragem e da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Alcobaça.

Envolvido com a defesa da floresta, Raimundo foi um dos principais colaboradores do País na criação de unidades de conservação de uso sustentável no Estado do Pará, como, por exemplo, a Reserva Extrativista Ipaú-Anilzinho. Nos últimos tempos, lutava pela implantação de uma secretaria de meio ambiente no município de Tucuruí.

No velório, além da comunidade de Tucuruí, de colonos, de representantes da Polícia Militar, de vários secretários de Estado e do delegado-geral da Polícia Civil do Pará, compareceu também o chefe da Casa Civil da Presidência da República. A polícia abriu inquérito para apurar o crime.
UC:Geral

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